29/05/2006
Tudo menos o óbvio. É o que peço. Sei que seremos bombardeados – agora através de TVs de plasma. Aqui pra nós o brasileiro é facilmente movido a qualquer febre consumista – com as conclusões arrogantes de Galvão Bueno e seus clichês repetitivos, verdades absolutas, simbolismos do monopólio poderoso da Vênus Platinada mais evidente ainda em ano de copa. Saber que isso vai acontecer já me enoja. Essa impossibilidade de opções é péssima em todos os sentidos. Ouvir comentários improcedentes sobre o posicionamento de Ronaldo Gaúcho, considerando a influência aerodinâmica do vento sobre o seu cabelo; análises sobre o modo gazela de correr do melhor juiz europeu, que compromete a marcação dos carrinhos por trás; o Jardim Irene torcendo enfeitado por Cafu; a brasileira mulata-gostosa-estereótipo de europeu (na Alemanha, imaginem) rebolando efusivamente com o cartaz nas mãos: Galvão, filma eu!
Bom isso é o futebol no Brasil. Nós já conhecemos esta história. Acontece de 4 em 4 anos, em uns com mais entusiasmo – como é o caso agora – e em outros engolindo Dungas e Zagalos – Ah!... todo mundo mané tem 13 letras – mas, após breve contextualização, queria propor uma reflexão:
Vamos montar uma defesa forte e compacta pra não sermos surpreendidos pelo que a mídia pretende nesse ano de copa. Vamos fantasiar para brincar com nossas possibilidades absurdas, porque o futebol é assim....bola na trave, pênalti aos 45, coração acelerado e respiração presa, prontos para uma explosão descomunal. É o único momento em que o homem – ser masculino – consegue expressar suas emoções verdadeiramente. Isso tem que ser valorizado, meu Deus, inclusive para estudos mais aprofundados.
Bom, não acredito no hexa, até acho que o Brasil está a um nível acima das demais seleções, mas pelo simples fato de preferir a fantasia, em vez de imaginar a disputa desigual com a seleção canarinho – ê clichê fio da puta - dando um show e encantando o mundo, alimento o inusitado da arte, de um esporte que de precisão técnica tem muita paixão e surpresas. Isso é o mais maravilhoso. Por isso acho de verdade que o Brasil de 2006 será como o de 82. Lindo e mágico, mas que perde a outra semifinal pra Itália. Imaginem que Juan vai se machucar e Luizão simplesmente contrai uma infecção intestinal com um salsichão. Nossa zaga será, portanto: Lúcio e Cris...isso mesmo. Tá lançado o desafio e quero ver quem vai pensar em quarteto com uma zaga dessas. Já confabulei com meu amigo Rafa – agora colunista do Globo On Line na Copa, vejam a indicação do blog dele ao lado – e aventamos a possibilidade de recuo de Edmilson ou escalação de Rogério Ceni, que na pior das hipóteses sabe sair jogando, pode lançar a longa distância e num momento emergencial de contra-ataque fazer uma ponte espetacular salvando a seleção de uma desesperadora disputa de pênaltis. Eleja, portanto, a solução para a não-zaga.
A propósito, to torcendo pra Angola com camisa e tudo, e acredito de verdade que a Costa do Marfim surpreende a Argentina e chega à semifinal com a Alemanha, mas perde.
Escrito por Marco às 01h21
terça-feira, 7 de abril de 2009
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