terça-feira, 7 de abril de 2009

Cortaram na minha própria carne

Escrito em 12/08/2005

No auge da minha tristeza, hoje eu chorei. Não imaginei que tivesse capacidade, ou que estava nesse nível de sensibilidade política. Mas ao ver o presidente falando para o povo brasileiro, enxergava descompassada mente o operário, ainda de barba espessa, linguajar tosco e um brilho de povo no olhar. Vi mais tarde, quando seus olhos ameaçavam olhar nos olhos dos telespectadores com um pouco mais de hombridade, o Lula da caravana da solidariedade, que conheceu o país, que ao lado de brizola tentou fazer uma campanha que de fato valorizasse as peculiaridades de cada região, e projetou-se como ícone popular apertando as mãos das pessoas, lhes dando a famigerada esperança de se verem no comando do país. E por último, já no final, quando a câmera correu o salão, circundado pelos ministros, pasmos, desacreditados, sonolentos, displicentes... vi o Lula do showmício no Porto da Barra. Eu estava lá, cantei o jingle, gritei e sonhei... acreditei numa liberdade que eu jamais sonharia, de ser brasileiro com orgulho de além copa do mundo, de me sentir na pele dos semelhantes, de me sentir projetado na figura daquele homem rude, simples, sensível, idealista, perseverante, e que despertava em mim, um sentimento forte de grupo, de fazer parte de um país que daria certo, que seria justo finalmente com seu povo. Em pouco tempo eu não o reconhecia, não me reconhecia, tudo isso me veio na cabeça, minhas defesas veementes por tudo isso, meu idealismo de estudante pelego, mas confiante. Nesse sufoco, nessa confusão, eu não mais enxergava o que eu queria. Ainda tive tempo de ouvir meu irmão repetir ironicamente que “ todos são iguais, por isso que o povo vota em ACM”. Nesse momento, desisti de segurar a lágrima e me retirei da sala.



Só quis botar pra fora. Desculpem pelo desprazer de compartilharmos.




Escrito por Marco às 19h00

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